
(Síntese do capítulo de mesmo nome do Livro “Oração Nota Dez” do autor.
Por ter dez tópicos, o ideal é ser ministrado em duas partes ou dois momentos)
Introdução
- O que os [muitos] homens geralmente pedem a Deus quando oram é que dois e dois não seja quatro”(W. N. Buden).
- Existem alguns tipos de oração que têm tudo para não serem atendidas.
Graça e misericórdia
- Graça é um favor imerecido, isto é, tudo que a gente não merece, mas Deus nos dá como: amor, perdão, salvação, cuidado etc.
Misericórdia é merecimento não dado, isto é, tudo que a gente merece, mas Deus não nos dá, ou retém, como: castigo, condenação, ira etc.
1. As que não são feitas
Deus age em resposta às orações.
- Nada tendes porque não pedis (Tg 4.2).
- A oração aciona o poder de Deus. A falta de oração desmobiliza qualquer ação divina.
- “A grande tragédia da vida não são as orações não respondidas, mas as que não foram feitas” (F. B. Meyer).
- Muita gente não tem orado, porque está muito ocupada.
- Remindo(Administrando bem) o tempo porque os dias são maus (Ef 5.16).
- “Se você está muito ocupado para orar está ocupado demais” (W. Sangstewr).
2. As que não são dirigidas a Deus
- Em alguns momentos, oramos para os outros nos ouvirem ou verem.
- E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão (Mt 6.5).
- Em outros momentos, oramos com tanta displicência, desatenção, desconcentração e formalidade que, de fato, não estamos orando para alguém.
- Às vezes, “oramos” para nós mesmos.
- “Quando nos tornarmos muito falantes na oração, certamente estamos falando para nós mesmos”(W. Tozer).
- Em alguns momentos, oramos sem uma orientação doutrinária adequada e até com uma confissão de fé errada.
- Por isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão (Hb 3.1).
- E ainda, visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão (Hb 4.14).
- A questão aqui não é deixar de orar diretamente a Deus e orar para Jesus ou para o Espírito Santo. Este pequeno equívoco de direcionamento da oração, creio, Deus pode relevar. O problema é direcionar para outra entidade (“deus”) ou mediador.
- A misericórdia e a graça de Deus são maiores que a ignorância de muitos.
- Eventualmente, o coração sincero pode ser levado mais em conta do que os erros doutrinários. Por outro lado, a correção doutrinária pode ter pouco valor sem um coração sincero e quebrantado diante de Deus.
-3. As que não priorizam a vontade de Deus
- Quando queremos, a todo custo, convencer a Deus para fazer a nossa vontade, sem nos preocupar se ela está ou não dentro do plano dele para nós;
- “A oração é um instrumento poderoso não para fazer com que a vontade do homem seja feita no céu, mas para fazer com que a vontade de Deus seja feita na terra” (Robert Law).
- Ó Senhor, ouve a minha oração, inclina os ouvidos às minhas súplicas; escuta-me segundo a tua verdade, e segundo a tua justiça (Sl 143.1).
- Outro desafio mais sutil à vida cristã é realmente querer a vontade de Deus.
- “A rendição incondicional não consiste apenas em fazer a vontade de Deus. Ela reside em querer a vontade de Deus” (Thomas Merton)
4. As que procuram mudar os propósitos de Deus
- Este foi um tipo oração feito por Moisés:
Rogo-te que me deixes passar, para que veja essa boa terra que está além do Jordão, essa boa região montanhosa, e o Líbano! Mas o Senhor indignou-se muito contra mim por causa de vós, e não me ouviu; antes me disse: Basta; não me fales mais nisto. Sobe ao cume do Pisga, e levanta os olhos para o ocidente, para o norte, para o sul e para o oriente, e contempla com os teus olhos; porque não passarás este Jordão (Dt 3.25-27).
- Da mesma forma, Davi: Davi, pois, buscou a Deus pela criança, e observou rigoroso jejum e, recolhendo-se, passava a noite toda prostrado sobre a terra. (...) Ao sétimo dia a criança morreu; e temiam os servos de Davi dizer-lhe que a criança tinha morrido; pois diziam: ... como, pois, lhe diremos que a criança morreu? Poderá cometer um desatino. (2Sm 12.16-18).
- A luta de Jacó com o Anjo do Senhor para ser abençoado foi intensa, pois Jacó queria que a sua bênção fosse nos seus termos e não nos termos de Deus.
- Às vezes, reconhecemos que o nosso pedido não está de acordo com a vontade de Deus, pois O conhecemos, bem como à sua Palavra, mas desejamos tanto aquilo, que buscamos convencer a Deus de nos atender.
- Ilustração: cristãos que jogam na loteria dizendo a Deus que ajudarão muito o Reino.
5. As que querem substituir a ação humana
- Há orações que pedem providências para Deus, quando a pessoa é quem deveria fazer.
- Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem (Êx 14.15).
- “Oração nunca é desculpa para a preguiça” (Gerald B. Griffiths).
- É recorrente a ideia de que na palavra “oração” estão implícitos dois verbos: orar e agir.
- “Orar sem se esforçar é zombar de Deus, esforçar-se sem orar é tirar de Deus sua glória” (Robert Haldane).
- Depois de pedirmos algo a Deus, devemos descansar, sim, mas esse “descanso” não é inação, inércia ou acomodação, mas confiança ativa. É o agir esperançoso, na certeza deque pode contar com a parceria de Deus para resolver a situação.
- Jesus disse: Vigiai e orai para não cairdes em tentação (Mt 26.41a).
6. As que foram substituídas pela ação humana
- Por outro lado, há pessoas que não oram ou oram inadequadamente, julgando que podem fazer todas as coisas por sua própria conta e inteligência.
- Há caminhos que ao homem parecem direitos, mas o fim deles é a morte (Pv 14.12).
- Outras pessoas confiam tanto na capacidade dos homens para resolver seus problemas, que esquecem ou desconsideram a ajuda divina.
- Ilustração do menino que não orava às refeições.
- Tanto a oração que despreza a ação quanto a ação que despreza a oração contrariam a vontade de Deus. Devemos buscar o equilíbrio.
- “Você pode fazer mais do que orar depois de ter orado, mas não pode fazer mais do que orar até que tenha orado” (A. I. Gordon).
- Portanto, a oração é uma via de mão dupla.
- “Ore como se tudo dependesse de Deus: trabalhe como se tudo dependesse de você” (Paul E. Holdcraft).
- Há situações que só Deus pode resolver, e sozinho, sem qualquer ação nossa. Em alguns casos, caber-nos-á apenas a espera confiante e paciente.
- “Muitas pessoas oram por coisas que só podem ocorrer com o trabalho, e trabalham por coisas que só podem ocorrer pela oração" (W.E.Sangster)
- Ilustração: Um garoto tentava mover um pesado armário, sozinho. A mão do Pai.
7. As feitas em contexto de relacionamentos rompidos
É muito dificil ter comunhão perfeita com Deus, se estivermos com o coração marcado por ressentimentos e amarguras.
- Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda (1Tm 2.8).
- Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus coerdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações (1Pe 3.7).
- Uma breve pausa na vida sexual para nos dedicar à oração e ao jejum é possível, mas não pode ser prolongada.
- Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência (1Co 7.5).
- O não cumprimento dos deveres do matrimônio, por qualquer um dos cônjuges, impede o fluir das orações.
- O valor do consenso
- Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus (Mt 18.19).
8. As que não vencem a resistência do Maligno
- Satanás não deseja o progresso espiritual dos filhos de Deus.
- Ele faz tudo que pode para nos impedir de orar, bem como para obstar a oração.
- Por exemplo, a Bíblia fala que, quando Daniel orava buscando discernimento para os acontecimentos dos últimos dias (Dn 9.2-3), o príncipe do reino da Pérsia (um principado do inferno) se opôs (Dn 10.12-13) e isso aconteceu durante 21 dias (Dn 10.2).
- Uma vida de oração desarma qualquer tentativa satânica de impedir os planos de Deus para a nossa vida.
- “A oração é um escudo para a alma, um sacrifício a Deus e um açoite para Satanás” (John Bunyan).
- Ef 6.11-18 – A armadura de Deus
11. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
12. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
13. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
14. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça;
15. e calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
16. tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
17. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;
18. orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.
- “Satanás está mais ansioso em nos impedir de ficar de joelhos do que em nos fazer cair” (Ivor Pawel).
- Sede sóbrios; vigiai porque o diabo, vosso adversário anda em derredor bramando como leão buscando a quem possa tragar (1Pe 5.8).
9. As que não vencem a resistência da carne
- Não é só o Maligno que nos impede de orar. A nossa carne também tem esquemas de resistências “naturais” à oração, gerados pela nossa natureza pecaminosa.
- O espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26.41b).
- “A oração requer dedicação, determinação e perseverança. Geralmente, cada um destes atributos é contrário à carne” (Autor desconhecido).
- Sempre que oramos com sinceridade e no Espírito, pelo menos dez realidades tendem a se modificar, para melhor, como resultados da oração:
a) nosso caráter,
b) nossa personalidade e ego,
c) nossa paciência.
d) nossa disposição para a misericórdia,
e) nossa sensibilidade social,
f) nossa maneira de nos relacionar com
as pessoas,
g) nossas prioridades,
h) nossa visão espiritual,
i) a qualidade do nosso amor
j) nossa intimidade com Deus.
- “Aquele que se levanta de sua oração um homem melhor e mais confiante teve a sua oração atendida” (George Meredith)
- “Não deixe de orar a Deus, pois ou a oração fará você deixar de pecar ou a continuidade no pecado fará você desistir de orar” (Thomas Fuller).
- Quanto menos oramos mais pecamos. Quanto mais oramos menos pecamos.
- A carne costuma ver as coisas de forma distorcida e limitada. Nossa carne não nos permite descansar, confiar e esperar em Deus. Por falta de oração confiante, costumamos ver o ímpio se dar bem e o mal prevalecer.
- Ilustração: o drama de Asafe, descrito no Salmo 73.
- Até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles (Sl 73.17).
- Descansa no Senhor, e espera nele; não te enfades por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa maus desígnios (Sl 37.7).
- Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus (Tg 1.20).
10. As feitas sem a devida persistência ou insistência
- Devemos ser persistentes e insistentes em nossas petições e intercessões.
- Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á, (Mt 7.7-8)
- Creio que Deus gosta que lhe mostremos ser o assunto realmente de nosso interesse e importante para nós. Creio que Deus gosta que demonstremos nossa luta pelo que desejamos. Contudo, nossa persistência não pode ser impaciente. Insistir não é pressionar Deus para que nos atenda.
- Os que têm intimidade com a oração geralmente têm a habilidade de ser insistentes e ao mesmo tempo pacientes. Equilibram a obstinação pelo que desejam com a capacidade de esperar, de aguardar e, principalmente, de suportar qualquer que seja a resposta divina.
- Tem misericórdia de mim, ó Senhor, pois a ti clamo todo dia (Sl 86.3).
- Orar com insistência não é orar necessariamente pelo mesmo pedido, mas é a perseverança no ministério da oração, no exercício da oração, na vida de oração.
- Persistência também não é a “vã repetição” dos fariseus. Não é repetir a mesma frase, em todo momento, mecanicamente, com o objetivo de exibir santidade ou de fazer Deus nos atender por canseira. Isso é paganismo.
- Nossa oração deve ter a marca da persistência resignada. Ao pedirmos algo a Deus que nos é importante, devemos fazê-lo com a persistência necessária até que recebamos a resposta, seja ela qual for.
Conclusão
- Precisamos estar sempre reaprendendo a orar. Creio que a melhor maneira de aprender é orando, até pegarmos o jeito, a intimidade, os princípios, a forma e o prazer com a oração.
- “Ore até que consiga orar, ore para ser ajudado a orar e não abandone a oração porque não consegue orar, pois nos momentos em que você acha que não pode, é que realmente está fazendo as melhores orações” (C.H.Spurgeon)