
(Síntese do capítulo de mesmo nome do Livro “Oração Nota Dez” do autor.
Por ter dez tópicos, o ideal é ser ministrado em duas partes ou dois momentos)
Introdução
- “A oração move o braço que movimenta o mundo” (G. D. Watson).
Baseados no texto de Mateus 6.5-8, aprendemos com Jesus como devemos orar.
1. Orar sinceramente
- E, quando orares, não sejas como os hipócritas (Mt 6.5).
- Sem fingimento ou falsidade, mas honesta e autenticamente.
- O orar insincero é característico de um coração distante de Deus, de uma adoração vazia e de um cristianismo formal.
- Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído (Is 29.13).
- Na oração, não cabe encenação ou exibicionismo.
- O hipócrita é um ator: Ouve Senhor, a justiça; atende ao meu clamor; dá ouvidos à minha oração, que não é feita com lábios enganosos (Sl 17.1).
2. Orar humildemente
- Pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens (Mt 6.5).
- A arrogância, irmã da altivez e da soberba, nos afastar da oração real.
- A arrogância nos afasta da oração, assim como a falta de oração nos aproxima da arrogância.
- “Os autossuficientes não oram; os autossatisfeitos não querem orar; os autosjustificados não conseguem orar” (Leonard Ravenhill).
- O coração humilde aceita a repreensão dos fiéis quando erra e a toma como bênção para sua vida.
- Fira-me o justo, será isso uma benignidade; e repreenda-me, isso será como óleo sobre a minha cabeça; não o recuse a minha cabeça (Sl 141.5).
- Por outro lado, humildade não quer dizer passividade ou condescendência diante do erro. Como continuou o salmista: mas continuarei a orar contra os feitos dos ímpios.
- Em outra versão: Eu aceito que uma pessoa direita me repreenda ou castigue, pois isso é um gesto de amizade; mas eu nunca aceitarei elogios dos perversos e continuarei a orar contra a ruindade deles (Sl 141.5).
3. Orar sublimemente
- Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão (Mt 6.5).
- Devemos orar com grandeza, ou seja, sem objetivos mesquinhos ou tolos, mas por razões sublimes e eternas.
- Sublimar é abrir mão de interesses pessoais em nome de causas mais nobres, especialmente as que trazem glórias ao reino de Deus.
- Quem ora com sublimidade tem objetivos mais ilustres e santos.
- Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra (Cl 3.2).
- Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai (Fl 4.8).
- Quando nossa motivação para orar é mesquinha e tola, sinaliza que a frieza espiritual tomou conta do nosso coração.
- Ilustração
Nota de Falecimento:
- “Faleceu, nesta última quarta-feira, na Igreja dos Negligentes, a Dona Reunião de Oração, que se encontrava enferma há vários meses. Ela foi proprietária de grandes avivamentos bíblicos e de muito poder e influência no passado, porém morreu, pobre e desprovida de sua glória. A causa mortis foi Frieza de Coração, Desobediência Crônica, Joelhos Endurecidos, Fraqueza de Ânimo e Descaso. Ela poderia ter sobrevivido se, ao invés de lhe darem o xarope de Reuniões Sociais, tivessem cuidado melhor dela e lhe dado o Óleo do Espírito”.
- “A apostasia começa no joelho” (Paul E. Holdcraft)
- Martinho Lutero, o grande reformador, disse: “A oração é a coisa mais importante em minha vida. Se, porventura, negligencio a oração por um simples dia, sinto logo o esmaecimento do fogo da fé”.
- Acima de tudo, queremos a glória de Deus e a vitória do reino de Jesus em nossas orações. Antes de qualquer coisa e por trás de todas as nossas orações, estes devem ser nossos sublimes objetivos.
4. Orar reservadamente
- Mas tu, quando orares, entra no teu aposento (Mt 6.6).
- Jesus sabe de nossa tendência de executarmos muitas tarefas ao mesmo tempo, de termos tantas ocupações, que acabamos não dando a atenção devida à oração.
- Precisamos ter um local de oração, reservado, solitário, com poucas possibilidades de interrupções.
- Ele sugere o quarto, lugar de descanso, de troca de roupa, de intimidade, de sossego, de refúgio.
- praticamente todos têm seu quarto, onde passam cerca da metade de sua vida, lugar de intimidade e comunhão.
- A vida moderna jogou a televisão, algumas a cabo, com dezenas de canais; o aparelho de som, o frigobar e o computador, ligado ao mundo da internet e se nós não tivéssemos permitido. Todos são tomadores de tempo da oração.
- É uma estratégia maligna para acabar com o lugar reservado para oração.
- Precisamos resgatar nosso lugar secreto de oração, quer restaurando a dinâmica do quarto e expulsando alguns excessos, quer criando outro espaço reservado.
- “O segredo da oração é a oração em secreto”(Dwight L. Moody)
- “As orações em público valem pouco, a menos que sejam fundamentadas e acompanhadas por orações em secreto” (E. M. Bounds)
5. Orar concentradamente
- Fechada a porta, ora a teu Pai, que está em oculto (Mt 6.6).
- Na dinâmica e complexa vida dos tempos modernos há infinitas possibilidades de distrações.
- “Fechar a porta” é trancar, ou seja, estar certo de que não haverá interrupções.
- Tanto o ministério da oração quanto o do estudo da Palavra exigem atenção, dedicação de tempo de estudo e meditação.
- Os apóstolos: mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra (At 6.4).
- Outra responsável por nossa incapacidade de nos concentrar na oração é a pressa.
- “A pressa é a morte da oração” (Samuel Chadwick)
- Há prejuízo espiritual de se orar com pressa: Devoções apressadas geram fé fraca, convicções débeis e piedade questionável. Ser pequeno com Deus é ser pequeno para Deus. Tomar atalhos na oração torna todo o caráter religioso breve, limitado, mesquinho e desleixado. Leva um bom tempo para que o fluir de Deus atinja o espírito. Devoções curtas obstruem o conduíte do pleno fluir de Deus
6. Orar espiritualmente
- Teu Pai, que vê em oculto, te recompensará (Mt 6.6).
- Orar espiritualmente é orar sem a necessidade de reforços materiais, simbólicos ou de imagens. É a oração que precisa somente da consciência madura da onipresença de Deus.
- A oração deve ser no Espírito e ajudado pelo Espírito. Já a oração em espírito, com a palavra “espírito” em letra minúscula, é a oração feita de forma espiritual (espiritualmente), isto é, a comunicação ou o relacionamento com o Deus invisível, imaterial e transcendente.
- É o que costumamos chamar de “espírito de oração”. É o sentido da expressão “em espírito” de João 4.23.
- Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito[espiritualmente]e em verdade [verdadeiramente]; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
- Dizem os historiadores do cristianismo que o hábito de orar com os olhos fechados surgiu como uma mensagem dos protestantes (evangélicos) aos adoradores de imagens. Eles não precisavam olhar para uma imagem, para reforçar a sua fé; aquele em quem criam é invisível.
- Orar é olhar espiritualmente para cima, para o alto.
- Ilustração do novo marinheiro: “Olhe para cima, filho, olhe para cima!”
- “Quando os homens deixam de olhar para cima perdem o rumo da vida” (Carneiro de Azevedo).
7. Orar espontaneamente
Orando, não useis de vãs repetições (Mt 6.7).
- Oração não é repetir sempre as mesmas palavras.
- Até mesmo a repetição constante ou seguidas vezes da oração do “Pai Nosso” não a torna convincente ou aceita, nem nos torna, pelo seu muito recitar, pessoas de oração.
- Jesus recomenda que nossas orações devem ser a expressão da alma livre, franca e reverente.
- “Somos incentivados a nos apresentar livremente a Deus, mas não com petulância” (J. Blanchard).
- Espontaneidade ou descontração não significa desrespeito, desorganização ou despreparo.
- A oração não é algo formal. Diz Fábio de Lemos Chagas,
- “Os fariseus com frequência eram obrigados a orar em público, e os judeus, admirados, sempre os surpreendiam em sua prática nas esquinas das ruas. A oração passou a ter, então, caráter de mero ritualismo, sem uma verdadeira e profunda espiritualidade”.
- Nosso orar espontâneo e voluntário pode ser
em silêncio (1Sm 1.13),
em voz alta (Ne 9.4; Ez 11.13),
cantando ao Senhor (Sl 92.1,2; Ef 5.19,20; Cl 3.16),
acompanhada ou não de jejum (Ed 8.21, Ne 1.4, Dn 9.3,4, Lc 2.37, At 14.23 e Mt 6.16).
- Orar espontaneamente é abrir o coração e a alma e extravasar abertamente, diante de Deus, suas angústias e alegrias, frustrações e fé, ansiedades e esperança.
- “A oração é o melhor antídoto para o desespero. Nossa maior necessidade não é ‘autoajuda’, mas ‘ajuda do alto’” (Mike Murdock).
- Ilustração sobre John Welch, renomado pregador escocês, “Ah, mulher, tenho de dar satisfação de três mil almas e não sei como andam as coisas para muitas delas!”
8. Orar objetivamente
- Como os gentios; porque pensam que por muito falarem, serão ouvidos (Mt 6.7).
- Sem tolas repetições e expressões vazias, como rosários e terços. Devem ser diretas e conscientes.
- Não significa rapidez, mas sim orar com precisão, coerência e com algum planejamento prévio do que vai ser dito, ainda que se diga com espontaneidade e naturalidade.
-“Quando oras necessitas piedade, não verbosidade” (Paul E. Holdcraft)
9. Orar confirmadamente
-Não vos assemelheis, pois, a eles; porque o vosso Pai, sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes (Mt 6.8)
- Orar confirmadamente é orar consciente de que está relatando o que Deus já sabe, em sua onisciência; mas é necessário confirmá-lo, por meio da oração, como demonstração de confiança e dependência.
- Relatamos o que enxergamos do problema, conscientes de nossa percepção limitada, para compreender os propósitos e as lições espirituais, invisíveis em cada situação e que só Deus conhece e quer nos comunicar.
- Ao descrevermos o que Deus já sabe, em resposta, Ele traz à existência ou à nossa visão aquilo que não sabemos.
-“A oração de um crente fiel, traz a existência o impossível” (Autor desconhecido).
10. Orar sabiamente
- Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus (Mt 6.9).
- Jesus nos dá o magnífico exemplo da oração do “Pai nosso”, para nos apropriarmos da estrutura, dos ensinos e do Espírito dele para elaborarmos preces igualmente sublimes.
- Se o que pedimos não tem a marca do bom senso e da sabedoria, tem tudo para contrariar a vontade de Deus.
- Não sejais insensatos, mas procurai entender qual seja a vontade do Senhor (Ef 5.17).
- É’ também aquela que mantém nossa vida preparada para a volta de Jesus.
- O fim de todas as coisas está próximo, portanto sejam criteriosos e sóbrios, dedicando-se a orar (1Pe 3.7)
- A oração também nos dá sabedoria, alargando e fortalecendo a mente. Na oração, o pensamento é abrilhantado e aclarado.
Conclusão
- Ninguém conhece a natureza humana, como Jesus. Ninguém conhece o Pai, como Jesus. Não há pessoa melhor do que Ele para oferecer sugestões práticas à oração.
- Após nos ensinar como orar, sem esgotar o assunto, na sequência do texto de Mt 6.5-8, Jesus nos oferece, em Mt 6.9-13, um modelo de oração, não para ser repetido literalmente, como um texto mágico, mas como inspiração e base para outras expressões livres de oração