
O DRAMA DE TRÊS VIÚVAS
"Elimeleque, marido de Noemi, morreu, e ela ficou com seus dois filhos, os quais casaram com mulheres moabitas. O nome de uma era Orfa e o nome da outra, Rute. Ficaram ali quase dez anos. Também morreram Malom e Quiliom, ficando assim a mulher desamparada dos seus dois filhos e do marido."
Rute 1.3-5
O livro de Rute pode ser lido sob diferentes perspectivas — inclusive como uma linda história de amor entre uma mulher pobre, sem herança cultural relevante, e um homem rico que a redime e, nos planos de Deus, a insere na genealogia de Jesus Cristo. No entanto, essa bela história de amor tem como pano de fundo um rio de tristeza, marcado por mortes, escassez e as agruras da sobrevivência sem os maridos. São três viúvas, e cada uma delas nos ensina atitudes distintas diante das crises que enfrentamos na vida.
A primeira viúva é Noemi. Veja o que ela diz: "Porém ela lhes dizia: — Não me chamem Noemi; chamem-me Mara..." (Rute 1:20). Mara significa “amarga” e descreve uma mulher presa ao passado de dores: fome, morte do marido e dos filhos. Um verdadeiro terremoto existencial abalou sua alma — e ela não conseguiu superar. Além disso, seus filhos haviam se casado com mulheres estrangeiras, o que, segundo a cultura da época, agravava ainda mais sua situação. Será que há Noemis hoje em dia? Pessoas presas ao passado, que não conseguem dar a volta por cima, carregadas de amargura — e que, por isso, acabam amargurando também quem está ao redor?
A segunda viúva é Orfa, muitas vezes esquecida ou criticada no texto, mas que nos oferece uma lição importante sobre recomeço. Recomeçar não é fácil, mas ela teve coragem de deixar o passado e seguir em frente. Foi uma decisão consciente de retorno à sua origem, ao lugar de onde havia saído, para reconstruir a vida. Ela disse “basta” à convivência com uma sogra amargurada, que dia após dia murmurava e se lamentava. Afinal, quem gostaria de viver com alguém que se declara amargo?
A terceira viúva é Rute, cuja característica marcante era o trabalho. Perdeu o marido, mas não se rendeu às lágrimas. Levantou-se e foi à luta. Muitos esperam encontrar seu “Boaz” na sorte, mas Rute o encontrou no campo, trabalhando sob o sol, colhendo espigas. Era solidária — não abandonou Noemi, apesar de tudo. E, no fim, Deus a recompensou: ela entrou para a história sagrada e é lembrada até hoje quando lemos: "Boaz gerou Obede, cuja mãe foi Rute; Obede gerou Jessé; Jessé gerou o rei Davi" (Mateus 1:5). Com qual dessas três viúvas você mais se identifica? Essa é uma questão de escolha — e de fé!
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ELP
