

PROVÉRBIOS 1 A 31
(Informações selecionadas de muitos ilustres estudiosos bíblicos, aos quais agradeço, adaptadas e reorganizadas por mim)
CURIOSIDADES E OUTRAS INFORMAÇOES
1.Introdução
1.1. O significado da palavra “provérbios”= Proverba (latim).
- Pro = em lugar de Verba = palavras.
- É uma a palavra ou expressão que se é dita em lugar de muitas palavras.
- São princípios, ideias, transmitidas por uma palavra ou frase.
- É dizer muita coisa com poucas palavras.
1.2. Data
1. A compilação inicial de Provérbios ocorreu durante o reinado de Salomão em Jerusalém, entre 1015 aC e 975 a.C., mas muitos provérbios surgiram de tradições orais existentes antes mesmo da época de Salomão.
1.3. Data. Alguns provérbios foram acrescentados após a época de Salomão, como os capítulos 25 a 29 que foram acrescentados nos dias do rei Ezequias de Judá entre 726 a 697 aC, conforme Provérbios 27.1. Não se sabe quando o livro chegou a seu formato final.
1.4. Outros autores.
- Agur, filho de Jaque e o rei Lemuel, também escreveram, respectivamente, os capítulos 30 e 31.
- Estudiosos acham que Lemuel seria o outro nome de Salomão.
1.5. Produção literária de Salomão.
- Salomão escreveu 3.000 provérbios e 1005 cânticos (conforme 1 Reis 4.32).
- O Livro tem 800 provérbios, destes, provavelmente uns 600 sejam de Salomão.
2. TIPOS DE PROVÉRBIOS
- A maior diferença entre os provérbios hebraicos e os provérbios dos dias de hoje, por exemplo: “é melhor prevenir do que remediar” ou “quem poupa tem” etc., é que os provérbios hebraicos consistem de duas linhas ao invés de somente uma:
A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira (Pv 15.1).
- A poesia hebraica não era baseada em rima ou ritmo, mas em paralelismo, paralelismo de pensamento. Os principais são:
2.1. Sinônimos
- A segunda linha repete o pensamento da primeira com palavras diferentes.
O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda. (Pv 16.18)
2.2. Antitético
- A segunda linha declara o mesmo princípio da primeira, mas a partir do ponto de vista oposto:
O coração bem-disposto é remédio eficiente, mas o espírito oprimido resseca os ossos. (Pv 17.22)
2.3. Sintético
- A segunda linha amplifica e expande o significado da primeira:
Quem esconde o ódio tem lábios mentirosos, e quem espalha calúnia é tolo.
(Pv 10.18)
2.4. Comparativo
- A segunda linha traça uma comparação entre algumas verdades básicas éticas ou teológicas e algumas ilustrações, frequentemente da natureza:
Como brinco de ouro e enfeite de ouro fino é a repreensão dada com sabedoria a quem se dispõe a ouvir (Pv 25.12).
Como água fresca para a garganta sedenta é a boa notícia que chega de uma terra distante (Pv 25.25).
3. A LINGUAGEM DE ENSINO EM PROVÉRBIOS
- O Livro de Provérbios tem a sua forma peculiar de ensinar. É’ preciso que compreendamos a alguns desses métodos para evitarmos compreensões erradas e interpretações equivocadas de alguns provérbios (versículos).
- O Livro de Provérbios é cheio de aforismos, ensinos concisos, imagens, figuras e paralelismos (já visto).
3.1. Aforismos
- Na Literatura, aforismo é uma máxima ou sentença que, em poucas palavras, explicita uma regra ou um princípio de alcance moral. - Um provérbio ou um ditado relacionado a uma reflexão de natureza prática ou moral.
- Todos os provérbios bíblicos têm consigo uma doutrina e um fundamento sólido e imutável, que é a lei de Deus, mas não podemos confundir um ensino com a sua aplicação. Por exemplo, o verso 13.3 de Provérbios diz:
Quem guarda a sua boca guarda a sua vida, mas quem fala demais acaba se arruinando.
- Esse verso não tem a intenção de ensinar que quem é sábio nunca abre a boca, ou que quem gosta de falar é imprudente. Este é um exemplo em que o provérbio deve ser bem aplicado. O ensino desse verso é que o dom da fala deve ser bem utilizado. É’ uma advertência contra o mau uso da língua (cf. 21.23), ou uma condenação à tagarelice (cf. 12.18).
3.2. Imagens e figura
- Toda poesia e ditos usam imagens e figuras, que servem como canais de comunicação para o autor transmitir sua mensagem em poucas palavras. Em Provérbios aprecem nas seguintes formas:
a) Semelhança (símile).
- É, o que se assemelha, que é análogo, similar. É’ uma comparação (metáfora) entre duas coisas de características diferentes, mas que tem alguma coisa em comum.
Como louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o homem que engana o seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira”
(Pv 26.18,19)
b) Alegoria.
- É um modo de expressão ou de interpretação que busca representar pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurada. É’ a exposição de um pensamento em uma ficção, ilustração ou figura.
Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus rebanhos, porque as riquezas não duram para sempre, nem a coroa de geração a geração... então as cabras te darão as vestes, os bodes o preço do campo, e as cabras leite em abundância para teu alimento, para alimento da tua casa, e para sustento das tuas servas’.
(Pv 27.23-27)
- A mensagem desse provérbio é ter cuidado com os bens que possuímos, bem como com o bem-estar das pessoas com quem trabalhamos e nos auxiliam. É ter uma administração prudente de nossas posses e relacionamentos.
c) Antropopatia. (Ántropo = homem + Patia = emoção, sentimento).
- É a atribuição de sentimentos, motivações e comportamentos humanos a elementos da natureza, animais e, no caso de Provérbios, bem como em muitas partes da Bíblia, a Deus.
Não se alegre quando o seu inimigo cair, nem exulte o seu coração quando ele tropeçar, para que o Senhor não veja isso, e se desagrade, e desvie dele a sua ira. (Pv 24.18-19).
d) Antropomorfia (Ántropo = homem + morfa = forma).
- É a atribuição de partes do corpo humano a Deus, como dizer ‘os pés, mãos, braços etc... de Deus”.
Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons. (Pv 15.3)
e) Personificação.
- É a atribuição de qualidades e condição humanas ao que não é humano.
A sabedoria edificou a sua casa, lavrou as suas sete colunas…(Pv 9.1ss)
- A sabedoria não tem vida em si mesma. Ela é citada aqui, metaforicamente, como se fosse uma pessoa.
f) Hipérbole.
- É a linguagem de exagero.
Mais fundo entra a repreensão no prudente, do que cem açoites no insensato. (Pv 17.10)
g) Ironia.
- Figura de linguagem por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender quando se diz algo bizarro para ser entendido o contrário.
Dê bebida fermentada aos que estão prestes a morrer, vinho aos que estão angustiados; para que bebam e se esqueçam da sua pobreza, e não mais se lembrem da sua infelicidade. (Pv 31.6,7).
- Certamente não somos aconselhados a embriagar as pessoas quando estão sofrendo, até porque ainda que tenha efeito imediato, terá consequências danosas depois, mas a buscar todos os meios possíveis para ajudar as pessoas.