

MIQUÉIAS 1 A 7
(Informações selecionadas de muitos ilustres estudiosos bíblicos, aos quais agradeço, adaptadas e reorganizadas por mim)
CURIOSIDADES E OUTRAS INFORMAÇOES
1. Sobre o autor
a) O nome ‘Miqueias’ vem de um termo hebraico que pode ser traduzido por “quem é como o Senhor? ”, uma espécie de aclamação litúrgica. Num dos versículos finais do livro, Miqueias repete o seu nome, mas colocado numa frase que lhe dá sentido maior:
Mq 7.18: Quem é comparável a ti [Miqueias], ó Deus, que perdoas o pecado e esqueces a transgressão do remanescente da sua herança? Tu que não permaneces irado para sempre, mas tens prazer em mostrar amor.
b) Miqueias nasceu em
Morasti, aldeia situada no interior de Judá, perto da cidade de Gat, a cerca de 30 km ao sudoeste da capital Jerusalém, em meio à realidade conflitiva e sofrida dos camponeses, vítimas dos grandes proprietários de terra e do exército.
c) Atuou como porta-voz das pessoas oprimidas contra o grupo dirigente: chefes, governantes, sacerdotes e profetas de Jerusalém (Mq 3,11).
d) Diferentemente dos profetas da corte, ele não se deixou corromper pela ganância e pelo lucro. Miqueias se descreve assim:
Mq 3,8: Mas, quanto a mim, graças ao poder do Espírito do Senhor, estou cheio de força e de justiça, para declarar a Jacó [Judá, reino do Sul] a sua transgressão, e a Israel o seu pecado.
2. Local e data de atuação
a) De acordo com Mq 1.1, Miqueias profetizou durante o governo dos reis Jotão, Acaz e Ezequias, de Judá, que governaram aproximadamente de 740 a 697 a.C.
b) Atuou principalmente entre 725-701 a.C., no reino do Sul. Nesse período, Judá estava sendo ameaçado e devastado pela Assíria.
c) Provavelmente, foi contemporâneo dos profetas Amós, Oseias, Jonas e Isaías.
d) Miqueias dirigiu suas palavras aos reinos de Judá e de Israel.
3. Resumo do Livro
a) Miquéias 1–3:
a1) Profetiza sobre os juízos e a ruína que recairiam sobre os israelitas, inclusive aqueles que moravam em Samaria e em Jerusalém.
a2) Denuncia os pecados da idolatria e da opressão dos pobres pelas classes altas como as razões da destruição iminente dos israelitas.
a3) Também condena os líderes religiosos corruptos que ensinavam por dinheiro.
b) Miqueias 4–5:
b1) Profetiza sobre a restauração de Israel. Também profetiza que o Messias nasceria em Belém.
b2) Destacam-se as questões do exílio: o cerco de Sião, a destruição de Jerusalém, o sofrimento do exílio, o Messias, o Senhor como pastor, a esperança do resgate, a restauração do templo.
c) Miqueias 6–7:
c1) Descreve algumas das maneiras pelas quais Jeová abençoou os israelitas. Miqueias ensina seu povo que viver justamente, amar a misericórdia e seguir ao Senhor são mais importantes do que fazer sacrifícios e ofertas.
c2) Testifica que Jeová é compassivo e perdoa os pecados daqueles que se arrependem.
4. Características marcantes do Livro
a) Miqueias ministrou numa época em que o povo de Israel estava prosperando economicamente, mas sofrendo espiritualmente. Esse ambiente permitiu que as classes altas impusessem fardos cada vez maiores sobre as classes mais baixas.
b) Miqueias estava particularmente preocupado com a opressão dos pobres pelos ricos e considerou essa injustiça como um dos maiores pecados de Judá e de Israel.
c) O fato de Miqueias ser proveniente de uma cidade pequena talvez lhe tenha dado uma sensibilidade especial às necessidades dos habitantes rurais pobres da terra.
d) Miqueias é o único livro no AT que identifica Belém como o lugar onde nasceria o Messias.
Mq 5.2: "Mas tu, Belém-Efrata, embora sejas pequena entre os clãs de Judá, de ti virá para mim aquele que será o governante sobre Israel. Suas origens estão no passado distante, em tempos antigos."
e) Tal como os ensinamentos do Profeta Isaías, muitos dos ensinamentos de Miqueias estão escritos em estilo de poesia hebraica.
f) A profecia de Miqueias sobre a destruição de Jerusalém foi relembrada vários anos depois, na época de Jeremias (Jr 26.18).
g) Em seus escritos é possível enxergar a dura realidade do povo, esmagado pelos tributos entregues ao império e aos dirigentes de Judá. Além disso, o povo era explorado pelos fazendeiros, militares e comerciantes, com a sucessiva perda de seus próprios direitos: família, casa e terra (2,1-11). O profeta denuncia a absoluta miséria e a opressão de seus irmãos, que carinhosamente chama de “meu povo” e também “meus ossos”.