
O HOMEM DE UMA TAREFA
"És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro"?
Mateus 11.3
A voz que clama no deserto envolve mistérios que só a eternidade revelará. Entendo que, ao término de sua tarefa de apontar o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, o ministério de João perdeu sua razão de existir, pois havia se concluído, se esgotado. Na prática, convinha que Ele crescesse e que João diminuísse; nunca é fácil para ninguém, e também não foi para ele. A expressão mais importante no texto é: “havemos de esperar outro”. No Novo Testamento, existem duas palavras para “outro”: (1) héteros (ἕτερος) — outro de tipo ou natureza diferente; (2) állos (ἄλλος) — outro da mesma natureza ou categoria. É esta última a usada no texto. Em outras palavras: “Havemos de esperar outro igual a ti, da mesma natureza?” D. A. Carson declara: “João estava confuso. O machado estava posto à raiz, mas onde estava o julgamento? Onde estava a destruição dos ímpios?” Em vez de derrubar Herodes ou César, Jesus curava enfermos, anunciava o Reino com mansidão, perdoava pecadores, evitava o confronto político direto e ensinava o amor aos inimigos e o perdão. Para muitos, isso era uma subversão do modelo esperado de Messias libertador. Mas afinal, a expectativa de João sobre Jesus era realista, era bíblica? E você, o que está esperando dele? É claro que seria impossível outro do mesmo tipo e natureza, porque João estava diante do unigênito de Deus; não havia espaço para dúvida, rejeição ou qualquer parâmetro humano que pudesse servir de medida para aferir Jesus. “Bem-aventurado aquele que não se escandaliza em mim!” (Mateus 11:6). A saída de cena de João não foi apoteótica nem honrosa, mas aconteceu como Deus permitiu: aumentando a medida de iniquidade e o juízo sobre Roma. Concluo com as palavras de Jim Elliot: “Não é tolo aquele que abre mão do que não pode reter para ganhar o que não pode perder.”
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ELP
