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MATEUS

CURIOSIDADES E INFORMAÇÕES

(Pesquisado, organizado e adaptado por Walmir Vieira)

 

 

Introdução

- Mateus é o primeiro livro do NT, ainda que não tenha sido o primeiro dos evangelhos a ser escrito, pois o de Marcos o foi, e ele se tornou o mais importante no processo de formação dos discípulos convertidos no conhecimento dos ensinos de Jesus.

- Este Evangelho nos informa que Jesus: cumpriu as Escrituras (as profecias sobre o Messias); inaugurou o Reino de Deus; comissionou seus seguidores a espalhar este Reino a todos os povos; advertiu que a tarefa de evangelizar seria acompanhada de perseguições, mas também avisou que sempre estaria com aqueles que são seus. Por fim, Ele prometeu que um dia retornará e o Reino de Deus alcançará sua plena realização.

 

AUTORIA

1. Como acontece em outros evangelhos, no livro de Mateus não consta o nome do seu autor. O livro começa com a expressão: Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1.1). Porém, a tradição e os escritos cristãos do segundo século a atribuíram a Mateus (também chamado de Levi), um dos doze apóstolos de Jesus.

 

1.1. Evidências externas. Alguns documentos de fontes mais antigas, que atribuem a autoria ao Apóstolo Mateus (um dos doze):

a) O Didaquê (110dC) um documento que procura resumir a fé cristã.

b) O livro não-canônico, ‘Epístola de Barnabé’ (130 dC) cita Mateus 20.16 e 22.14 com “está escrito em...”.

c) Irineu de Lyon (160 dC), pai da igreja do segundo século,

d) Orígenes (183 a 253 dC) declarou: “Aprendi pela tradição que o primeiro [evangelho] foi escrito por Mateus... para os convertidos do judaísmo”.

 

1.2. Evidências no próprio Livro, mostram detalhes que apoiam a tradição de que Mateus, o Apóstolo, foi quem o compôs. Sobre a direção do Espírito Santo, como as seguintes:

a) O cobrador de impostos é chamado de “Mateus” (9.9), enquanto ele é chamado de “Levi” nos evangelhos sinóticos Marcos e Lucas.

- Marcos 2.14: Quando ia passando, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. Ele se levantou e o seguiu.”

- Lucas 5.27-28: Depois disso, saiu e viu um publicano, chamado Levi, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.

b) O próprio Evangelho dá informações mais específicas sobre dinheiro do que qualquer outro escritor dos outros Evangelhos, usando três palavras para dinheiro, não encontradas em outras partes das Escrituras (17.24, 27 e 18.24), ele observa o custo de certos itens (25.15ss. e 26.6-9), e somente este Evangelho registra o pagamento do imposto do templo (17.24-27), que é consistente com a formação do autor como cobrador de impostos.

c) É o evangelista mais crítico dos líderes judeus; Ele usa uma linguagem muito forte para isso.

d) Menciona sua própria história de chamada em Mt 9.9: Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.

 

2. Quem foi Mateus:

a) Coletor de impostos (τελωνίον, telonion). Responsável pela cobrança de impostos comerciais e de importação (impostos alfandegários). Tudo indica que não era uma atividade igual a de um publicano comum, que cobrava das pessoas físicas, mas tinha convivência com estes, ao ponto de convidá-los para um jantar em sua casa para que conhecessem a Jesus (Mt 9.10-13)

b) Era filho de Alfeu (Marcos 2.14), irmão de Tiago, outro que se tornou discípulo de Jesus.

c) O nome “Mateus” deriva do hebraico “מַתִּתְיָהוּ” (Mattityahu), que significa “dom de Yahweh” ou “presente de Deus”. Em grego, é transliterado como “Ματθαῖος” (Matthaíos).

 

3. DATA. A data em que foi escrito é incerta, mas é muito provável que seja entre 60 d.C. e 70 d.C., antes da destruição do templo e de Jerusalém, pois não há menção desse fato no texto.

 

4. FONTES que Mateus utilizou:

a) Mateus foi testemunha ocular de quase tudo que escreveu;

b) Utilizou, também, informações do Evangelho de Marcos (primeiro a ser escrito), para o qual foi auxiliado pelo Apóstolo Pedro. Dos 661 versículos de Marcos, 606 possuem paralelo no Evangelho de Mateus, às vezes, abreviando as declarações de Marcos e as ampliando para ser mais preciso e outras vezes substituindo algumas expressões, como por exemplo:

b1) Em Mateus 15.39, substitui a informação de Marcos de que Jesus, entrou no barco com seus discípulos e foi para a região de Magadã e não Dalmanuta (Mc 8.10), desconhecida. Talvez, um erro de escrita do nome da região.

d2) Em Mateus 20.20, o evangelista substitui o estranho, mais humano, pedido dos filhos de Zebedeu (Tiago e João) para que no Seu Reino, pudessem se assentar um à direita e outro à esquerda, como descrito em Mc 10,35, não feito por eles, mas por sua mãe. Parece ser mais coisa de mãe. Mas a resposta de Jesus foi a eles e a todos discípulos.

b3) Mt 13.5 altera para ‘filho do carpinteiro’ a descrição que Mc 6.3 faz de Jesus como ‘carpinteiro’. Isto é, Marcos escreve que os questionadores o designaram de ‘carpinteiro’, enquanto Mateus diz que se referiam a Jesus como ‘filho do carpinteiro’ (José, que já estaria morto, mas conhecido ainda como um carpinteiro). A fama de carpinteiro estaria mais sobre José, pai adotivo, ainda que Jesus e seus irmãos poderiam também ter aprendido o ofício.

b4) Mt 14.21 acrescenta após a expressão ‘cinco mil homens’ de Marcos 6.41, na multiplicação dos pães, a expressão “cinco mil homens, além de mulheres e crianças”. Portanto, seriam mais de cinco mil, talvez o dobro ou o triplo ou cinco mil pessoas já contando mulheres e crianças.

Não se sabe se esta ideia de que não se contava mulheres e crianças, pode ter surgido desta referência apenas de ‘homens’, que hoje poderia ser entendido genericamente (homens, mulheres e crianças),

c) Ainda usou a fonte chamada pelos estudiosos de fonte ‘Q’ (Quele): um material narrativo de tradição oral que Lucas também usou. São conteúdos que estão em Mateus e Lucas, mas não estão em Marcos.

d) Com os apóstolos, testemunhas oculares vivas, a mensagem sobre o ministério e ensino de Jesus Cristo (Kerígma) era transmitida apenas oralmente. Na medida em que eles foram morrendo, sentiu-se a necessidade de escrever os evangelhos, começando cerca de 30 anos depois da morte e ressurreição de Cristo. A maioria das cartas de Paulo foram escritas antes dos evangelhos.


PECULIARIDADES DO EVANGELHO DE MATEUS

5. Mateus foi o que deu mais ênfase às profecias feitas no AT acerca da vinda do Messias.

 

6. A genealogia de Jesus apresentada recua até Abraão, passando por Davi.

 

7. A expressão “Jesus Filho de Davi” aparece repetidamente nele.

 

8. A utilização do termo “Reino dos Céus” é preferida por Mateus e sua similar, “Reino de Deus”, por Lucas.

 

9. Há dez parábolas em Mateus que não constam nos outros evangelhos como a: 1) do joio e o trigo; 2) do tesouro escondido: 3) da rede; 4) da pérola de grande valor; 5) do credor incompassivo; 6) dos trabalhadores na vinha; 7) dos dois filhos; 8) das bodas; 9) das dez virgens; 10) dos talentos.

 

10. Os únicos milagres encontrados somente em Mateus são: a cura de dois cegos (Mt 9.27-31) e a moeda na boca do peixe (Mt 17.24-27).

 

11. A história de Bartimeu é relatada com o detalhe adicional de que um segundo cego também foi curado com ele Mt 20.29-34.

 

12. Evangelho é o que menciona a visita dos magos do Oriente, o relato da fuga para o Egito, o batismo de Jesus por João Batista e as tentações no deserto.

 

13. São apresentados alguns paralelismos entre Jesus e Moises. Além de, ambos, quase terem sido mortos, quando bebês, por ordem de um rei, tanto Jesus como Moises, traz, agora, a nova Aliança, pregada também em um monte. Como descendente de Abraão, que foi pai da nação de Israel, Jesus é o gerador de uma nova raça de seres humanos, de filhos de Deus, que O recebem como Libertador, Senhor e Salvador, tornando-se o novo povo do novo Israel, filhos de Deus, independentemente de serem judeus.

 

14. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO:

- Com um arranjo sistemático bem feito, Mateus oferece uma ótima organização dos temas, em cinco partes, como que representando o Pentateuco, assim:

Introdução: 1.1 a 2.23

- 1ª. Parte: 3.1 a 7.29 - Proclamação do Reino

- 2ª. Parte: 8.1 a 10.42 - Ministério e missão na Galileia

- 3ª. Parte: 11.1 a 13.52 - Questionamento e oposição a Jesus

- 4ª. Parte: 13.53 a 18.35 - Cristologia e eclesiologia

- 5ª. Parte: 19.1 a 25.46 - Viagem e ministério em Jerusalém

Clímax: 26.1 a 28.20 - Paixão, morte e ressurreição.

 

15. ESBOÇO DO LIVRO:

1. Prólogo (1.1-2.23): Contém a genealogia, o nascimento de Jesus e dados de sua infância e juventude.

2. A vinda do Reino dos Céus (3.1-7.29): João Batista anunciou que Jesus é o Messias que traz o Reino dos Céus. Também lemos sobre a tentação de Jesus e o grande Sermão da Montanha.

3. As obras do Reino dos Céus (8.1-10.42): Essa seção relata muitos milagres de Jesus e, também, mostra a missão do Reino.

4. A natureza do Reino dos Céus (11.1-13.58): Jesus explicou a verdadeira natureza de seu Reino. Ele mostrou que não se tratava de um reino conforme as expectativas populares. As parábolas de Jesus registradas no capítulo 13 mostram claramente essa verdade.

5. A Autoridade do Reino dos Céus (14.1-18.35): Mais uma vez os milagres realizados por Jesus apontam para sua autoridade como Messias.

6. As mudanças do Reino dos Céus (19.1-25.46): Nessa seção Jesus denunciou a hipocrisia dos religiosos judeus. Ele também ensinou sobre as grandes mudanças que o seu reino promove. Nessa seção também está registrado o sermão profético de Jesus.

7. A paixão e a ressurreição de Cristo (26.1-28.20): Essa seção relata com detalhes as aflições as quais Jesus foi submetido. Assim, Ele é apresentado como o Rei vitorioso que ressuscitou. Antes da ascensão ao céu, Jesus também comissionou os seus discípulos a pregarem o Evangelho por todo o mundo.

(Extraído do site: https://estiloadoracao.com)

 

OUTRAS CURIOSIDADES

16. A questão da fundação da Igreja de Jesus aparece em Mt 16,18-19. As qualidades a serem salientadas se encontram no capítulo 18.

 

17. O autor descreve Jesus como o ‘filho do homem’ (como o Profeta Ezequiel foi chamado), mas, também, como o ‘Filho de Deus’.

 

18. É o Evangelho que mais cita a frase “para que se cumprisse o que fora dito”.

 

19. A menção em Mateus 28.20 da expressão “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” é a primeira referência explícita no NT, de destacar a Trindade Divina completa.

 

20. O Evangelho de Mateus nos ensina que Jesus é o Emanuel, de Isaias 7.14, que significa “Deus conosco”.

 

21. O Evangelho de Mateus, como o de Marcos e Lucas são chamados de evangelhos sinópticos porque compartilham muitas afinidades de conteúdo em suas narrativas. “Sinóticos” (grego syn, “com”, mais opsesthai, “ver”, é igual a sinótico, “ver com ou juntos”). No entanto, cada um traz uma ênfase distinta, refletindo as necessidades e contextos de suas comunidades destinatárias. Por outro lado, o Evangelho de João apresenta uma narrativa mais independente, focando em aspectos teológicos que não são abordados nos sinópticos.

 

22. Mateus faz uma narrativa da genealogia e nascimento de Jesus do ponto de vista de José, seu pai adotivo, com detalhes sobre ele, ao passo que Lucas relata a genealogia e conta a história do nascimento de Jesus na perspectiva e com detalhes sobre Maria, sua mãe.

 

23. Mateus dá grande ênfase ao ministério de ensino de Cristo, com o destaque do:

a) Sermão da Montanha (Mateus 5–7)

b) Instruções aos doze (Mateus 10)

c) Parábolas do Reino (Mateus 13)

d) Repreensão dos líderes judeus (Mateus 23)

e) Discurso do Monte das Oliveiras (Mateus 24-25)

 

24. O arranjo de sua narrativa é mais lógico (em blocos de assunto) e menos cronológico. Isto fica claro pelas seguintes razões:

a) Vários milagres aparecem em grupo (Cap 8-10).

b) A oposição a Cristo está em uma seção (11:2–16:12).

c) Apenas o início (Mt 1–4) e o fim (Mateus 19–28) têm ordem cronológica.

(Itens 22, 23 e 24 extraídos, com adaptação, de estudosbiblicosonline.com.br)

 

25. Em Mateus Mt 6.13, no final da Oração do Pai Nosso, há a doxologia: “porque teu é o reino, o poder e a glória, para sempre. Amem”. Essa sentença não existe na versão da Vulgata (tradução do grego para o latim). Por isso, a Bíblia Católica, para a Oração do Senhor, termina logo após a expressão “mas livra-nos do mal”. Hoje, a Versão Revisada, de acordo com os melhores (mais antigos) manuscritos, produzida pela extinta Impressa Bíblica Brasileira (IBB) da Convenção Batista Brasileira (CBB), mantém o acréscimo, mas em colchete ([..]) nesta e em várias outras expressões, para sinalizar que não aparecem nos manuscritos mais antigos, portanto, mais confiáveis. Mesmo assim, a doxologia que finaliza a Oração, é considerada aceitável, pois é respaldada por I Crônicas 29.11, reforçada pelo documento cristão de 110 d.C., a Didaquê 8.2: “pois teu é o poder e a glória para sempre”, além de ser uma expressão que também é encontrada, quase completa, em doxologias de algumas cartas paulinas e no Apocalipse.

 

Conclusão

- O propósito de Mateus é apresentar Jesus como o Messias, o Filho de Deus, mostrando que Ele é o esperado Messias prometido. O reino que Ele trouxe é o cumprimento do plano de redenção de Deus.

 - Mateus queria que seus leitores cristãos judeus soubessem que Jesus era oriundo e leal a sua tradição. Destacou uma palavra de Jesus sobre isso em 5.17: Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim destruir, mas cumprir.

 

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