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Livro de JUÍZES

(Informações selecionadas de muitos ilustres estudiosos bíblicos, aos quais agradeço, adaptadas e reorganizadas por mim)


CURIOSIDADES E OUTRAS INFORMAÇOES

Informações fundamentais e curiosidades significativas


1. O autor do Livro de Juízes não é mencionado nele. Pelas evidências, a tradição atribui ao juiz, profeta e sacerdote Samuel a autoria, que escreveu em torno de 1030 a.C.

2. O Livro narra a história de um período de 320 anos em que Israel não tinha reis, mas juízes; por isso, faz parte dos livros históricos. Foi um período posterior à liderança de Josué com os anciãos que dirigiram os israelitas por 40 anos (Jz 2.7).

3. A rigor, tanto Moisés quanto Josué podem ser considerados juízes. Os dois lideraram Israel por 80 anos (40 cada). 

4. Alguns consideram apenas a lista dos juízes dos 12 ciclos narrados no livro de Juízes, com Sansão sendo o último deles.

5. Outros também incluem Eli (1Sm 4.18) e Samuel (1Sm 7.15) na lista oficial de juízes de Israel. Eli e Samuel lideraram e julgaram Israel antes da instituição da monarquia, apesar de não serem citados no livro dos Juízes e a sua atuação apresentar algumas diferenças pontuais com relação aos líderes citados em Juízes. Somam-se, por isso, mais 70 anos ao período de juízes, chegando a cerca de 400 anos.

6. Houve os juízes maiores e menores, hoje assim determinados em função do tempo de liderança e da importância de suas realizações.

6.1. Juízes maiores:

   1º.  Otniel (Jz 3.7-11): 40 anos

   2º.  Eúde (Jz 3.7-11): 40 anos       

   3º.  Sangar (Jz 3.31): 40 anos (boa parte junto com Eúde)

   4º.  Débora e Baraque (Jz 4.1-5.31): 40 anos

   5º.  Gideão (Jz 6.1-8.32): 40 anos

6.2. Juízes menores:

   6º.  Tóla (Jz 10.1,2): 22 anos

   7º.  Jair (Jz 10.3-5): 23 anos

   8º.  Jefté (Jz 10.6-12.7):  seis anos

   9º.  Ibsã (Jz 12.8-10):  sete anos

 10º. Elom (Jz 12.11,12): 10 anos

 11º. Abdom (Jz 12.13-15): oito anos    

 12º. Sansão (Jz 13.1-31): 20 anos

6.3. Juízes mencionados fora de 1 Samuel:

 13º. Eli (1Sm 4.18): 40 anos              

 14º. Samuel (1Sm 7.15; 25.1): 30 anos

7. Através dos juízes de Israel, Deus honrou a Sua promessa a Abraão de proteger e abençoar a sua descendência (Gênesis 12.2,3).

8. Geralmente quando um juiz morria, o povo declinava espiritualmente e caía em desobediência a Deus. Por isso, Deus permitia a dominação e a opressão do povo de Israel, por outros povos como castigo por seus pecados. Isso aconteceu em pequenos períodos, mas principalmente nas maiores dominações, como:

a) No reinado perverso de Abimeleque, por 16 anos;

b) No domínio e opressão dos amonitas, por 18 anos;

c) No domínio e opressão dos filisteus, por 40 anos;

- Quando ficavam longo tempo em domínio e opressão de outros povos e poderes, o povo de Israel se arrependia e buscava o Senhor. Deus, então, levantava um juiz (líder) para ajudá-los a se livrarem do povo opressor.

9. A respeito dos JUÍZES:

a) Os juízes foram homens (e houve uma mulher) que lideraram, "julgaram" ou "salvaram" Israel de seus inimigos.

b) Os juízes foram pessoas escolhidas por Deus e especialmente dotadas para julgar e liderar o povo de Israel, a cada arrependimento do povo, repetidamente: “E levantou o Senhor juízes, que os livraram da mão dos que os despojaram” (Jz 2.16; cf. 3.10; 13.25; 14.19; Sl 106.43-45; At 13.20).

c) Os juízes, diferentemente dos reis, permaneciam em suas funções até morrerem e não passavam a liderança aos filhos. Não havia hereditariedade de poder.

d) Esses juízes eram heróis nacionais, e algumas vezes são designados como “libertadores”.

e) Considerando a lista fornecida pelo livro dos Juízes, existe uma divergência entre os intérpretes acerca de Débora e Baraque. Alguns consideram apenas a liderança de Débora; outros contam separadamente Débora; outros ainda unificam a atuação de ambos.

10. Os principais inimigos do povo de Israel, naquele período, foram:  filis­teus, moabitas, cananeus e amonitas. Desses, os filisteus e os cananeus foram os mais persistentes na luta para expulsarem os israelitas, que se apossaram de parte dos seus territórios.

11. Foi neste contexto que houve uma identificação e surgimento de líderes em Israel. Não havia uma eleição ou um evento específico. Por desempenharem uma função de confiança do povo, e por possuírem uma personalidade marcante, carismática, discernimento e senso de justiça, passaram a julgar certas causas que lhes eram trazidas.

12. O governo retratado era o de uma “democracia tribal” (Jz 17.6; 21.25) e cheio de dificuldades. As tribos eram governadas por líderes que tinham um cargo vitalício (juízes menores), mas, nos momentos de grande dificuldade, surgiam líderes movidos pelo Espírito de Deus (juízes maiores), que uniram e lideraram as tribos, na luta contra os inimigos comuns a todos.

13. O livro de Juízes é o relato da história cuja chave está nos versos de Juízes 2.6-23 e reaparece diversas vezes no livro. Segundo o autor, para levar à frente um projeto social, é preciso manter a memória ativa ou a consciência histórica, adquirida através da resistência e da luta. A geração que luta mantém viva essa consciência. A nova geração, porém, quebra essa memória e ameaça fazer o projeto voltar atrás.

14. A atividade do Espírito Santo do Senhor no livro de Juízes é claramente retratada na liderança carismática daquele período. Os atos heroicos de Otniel (3.10), Gideão (6.34), Jefté (11.20) e Sansão (13.25) são atribuídos ao Espírito do Senhor.

15. O período de Juízes terminou quando Saul foi aclamado rei de Israel, em aproximadamente 1050 a.C.

16. O livro de Juízes pode ser dividido em duas partes:

a)  Os capítulos 1 a 16 contam a história do povo e a sequência de juízes, narrando as guerras de libertação que começam com a derrota dos cananeus e terminam com a derrota dos filisteus e a morte de Sansão;

b)  Os capítulos 17 a 21 contam a história de uma cultura estranha à nossa mente e mundo, hoje, um pouco mais civilizado do que naquela época. Estas histórias são acrescentadas ao livro de Juízes como um apêndice, cujo propósito é descrever e ilustrar a corrupção religiosa e moral existente naquele período e as consequências da apostasia e anarquia. Esses capítulos são vistos como um tempo quando “não havia rei (líder) em Israel” e as pessoas faziam o que queriam, principalmente o errado (Juízes 17.6; 18.1; 19.1; 21.25).

17. A desobediência coletiva alcança progressivamente o povo de Deus, até o final de Juízes, capítulos 17-21, quando duas realidades dominavam: a ausência de Deus e o refrão repetitivo: “Naqueles dias não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto” (17.6; 21.25; cf. 18.1; 19.1).

18. O livro de Rute, originalmente, fazia parte do livro dos Juízes, mas em 450 d.C. foi desvinculado para se tornar um livro próprio.

19. Os versículos-chave que resumem a história do livro de Juízes são:

- Juízes 2.16-19: Então o Senhor levantou juízes, que os libertaram das mãos daqueles que os atacavam. Mesmo assim eles não quiseram ouvir os juízes, antes se prostituíram com outros deuses e os adoraram. Ao contrário dos seus antepassados, logo se desviaram do caminho pelo qual os seus antepassados tinham andado, o caminho da obediência aos mandamentos do Senhor. Sempre que o Senhor lhes levantava um juiz, ele estava com o juiz e os salvava das mãos de seus inimigos enquanto o juiz vivia; pois o Senhor tinha misericórdia por causa dos gemidos deles diante daqueles que os oprimiam e os afligiam. Mas, quando o juiz morria, o povo voltava a caminhos ainda piores do que os caminhos dos seus antepassados, seguindo outros deuses, prestando-lhes culto e adorando-os. Recusavam-se a abandonar suas práticas e seu caminho obstinado.

- Além destes, outra fala, algumas vezes repetida pelo povo, depois de sofrer opressão e domínio de povos cruéis, como castigo dado por Deus por sua desobediência está em:

- Juízes 10.15 e em outros lugares do livro: Os israelitas, porém, disseram ao Senhor: Nós pecamos. Faze conosco o que achares melhor, mas te rogamos, livra-nos agora.

20. Segundo o livro de Juízes, os israelitas foram desobedientes e idólatras, o que causou muitas derrotas.

Contudo, Deus nunca deixou de abrir os Seus braços de amor ao Seu povo, sempre que se arrependeu dos seus maus caminhos e invocou o Seu nome (Juízes 2.18).

21. Para manter a Sua parte da aliança com Abraão, Deus sempre salvou o Seu povo de seus opressores durante o período de cerca de 400 anos do livro de Juízes.

22. O anúncio para a mãe de Sansão de que ela teria um filho para liderar Israel é um tipo do anúncio a Maria sobre o nascimento do Messias. Deus enviou o Seu Anjo a ambas mulheres e lhes disse: “Eis que tu conceberás e darás à luz um filho” (Juízes 13.7; Lucas 1.31) que libertaria o povo.

23. O último versículo do livro mostra a disfunção moral do povo de Israel, ao dizer que agia conforme lhe parecia bem:

Juízes 21.24,25: Na mesma ocasião os israelitas saíram daquele local e voltaram para as suas tribos e para os seus clãs, cada um para a sua própria herança. Naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo.

24. Juízes é um Livro difícil de se ler, pelas seguintes razões, conforme relato de alguns comentaristas:

a) Relata guerras sanguinárias e mortes cruéis;

b) Em algumas situações, os rituais da religião iniciante de Israel se misturavam às práticas pagãs e culturais daquele tempo, o que nos choca;

c) A maneira como a mulher era considerada e tratada nos constrange profundamente. O relato bíblico retrata práticas de um tempo em que a mulher tinha pouco valor na cultura de quase todos os povos de então (e, ainda, em algumas culturas hoje), especialmente as escravas (concubinas), o que não quer dizer que a Bíblia ou Deus aprove essa concepção. 

d) Os juízes faziam coisas certas, e também coisas erradas (aos nossos olhos, hoje); mesmo assim, eram os melhores que Deus tinha à Sua disposição à época.

e) Apesar da força física de Sansão, prevaleciam, algumas vezes, suas fraquezas emocionais e sexuais e o exibicionismo de sua força.

f) Gideão fez coisas maravilhosas, mas algumas coisas reprováveis. 

g) Jefté foi precipitado ao fazer seu voto a Deus, no mínimo, imprudente. A história não deixa claro se o sacrifício de sua filha foi mesmo a morte ou o não casamento.

h) Por suas limitações e fraquezas humanas, ressalta-se que os juízes não foram os heróis; o herói de todas as batalhas vencidas e o que permitia as derrotas era fundamentalmente Deus, não o homem.

i) Juízes também ressalta que todo pecado tem consequências individuais e comunitárias.


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