
JUDAS: ESCOLHA E DESTINO
“Logo depois de Judas comer o pedaço de pão, Satanás entrou nele. Então Jesus lhe disse: — O que você vai fazer, faça depressa.”
João 13.27
Falar sobre Judas envolve uma complexidade tremenda. Analisar suas ações à luz das afirmações bíblicas e das implicações teológicas exige cuidado, para que nada fique de fora e se faça justiça a um dos eventos centrais do cristianismo. A figura de Judas atravessou séculos e já chegou às artes, à literatura, ao cinema, à música e à televisão. Por exemplo, em obras como A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, ele é retratado se afastando dos demais, derrubando o sal — símbolo de má sorte — e segurando a bolsa com o dinheiro da traição. Agostinho declarou: “Judas não teria entregue a Cristo se antes não tivesse se entregue ao diabo.” A possessão maligna opera dentro de uma legalidade concedida pelo próprio homem, por meio do exercício de sua vontade. Tudo começa com a opressão, que pode evoluir para a possessão. As escolhas de Judas foram decisivas. Martinho Lutero afirmou: “Judas teve Cristo como Mestre, mas o diabo como senhor.” Judas encarna o clímax da exposição à graça divina e, ao mesmo tempo, o extremo da frieza e do desprezo por essa mesma graça. Em sua história, revelam-se duas verdades centrais: a soberania de Deus — pois a morte de Jesus já estava prevista nas Escrituras como parte do plano redentor (Isaías 53; Salmo 22; Atos 2:23) — e a responsabilidade humana — Judas não foi um mero instrumento passivo. Ele decidiu trair, foi advertido, e agiu com plena consciência. Você consegue imaginar o privilégio que Judas teve ao andar com Jesus? Não se engane: a verdade teológica não caminha por um só trilho. A traição de Judas revela o ponto em que Deus entrelaça o livre-arbítrio humano com sua soberania para realizar o seu maravilhoso plano de salvação. Termino com o solene lamento de Jesus: “Ai daquele por quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe seria não haver nascido.” (Marcos 14:21)
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ELP
