
Introdução
a) Quem era esse centurião?
- Nada sabemos sobre ele, nem seu nome. Provavelmente um homem de meia idade que chegou ao posto por mérito: rígida obediência, lealdade e coragem.
- Um oficial romano, capitão de uma centúria (cem soldados).
b) Quais são os outros centuriões elogiados no NT?
- Centurião de Cafarnaum, na cura de seu servo (Lc 7.5,9)
- Centurião Cornélio (At 10.2)
- Centurião Júlio que conduziu Paulo preso para Roma (At 27)
c) O que o centurião viu e ouviu sobre e de Jesus?
- Não sabemos o quanto ele ouvira de Jesus antes.
- Centurião: Getsêmane > Caifás > Pilatos > Herodes > Pilatos.
- Viu seu julgamento, seu silêncio, sua calma, sua serenidade, sua reação diante do açoitamento, na crucificação e na agonia.
1. Como o centurião viu Jesus na cruz.
a) Agindo com bondade às diferentes reações dos dois ladrões pendurados com ele, dando esperança a um deles (Lc 23.43).
b) Preocupando-se com o cuidado de sua mãe (Jo 19.27).
c) Ouviu Jesus dizer, enquanto os cravos furavam suas mãos e pés: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34).
- Enquanto a vida de Jesus se esvaía, sua inocência transparecia e sua superioridade moral impressionava o centurião.
- Sentia que a crucificação era injusta e judicialmente injustificada.
- O julgamento do governador era tudo (político, interesseiro e covarde), menos justo.
- Ele já tinha visto a morte de criminosos, bandidos, traidores e assassinos, merecidamente. Amaldiçoavam a tudo e a todos.
- Em Jesus não havia amargura, ressentimento, ódio ou imprecações em sua fala e olhar.
- Chamava pelo Pai: “Perdoa-lhes” e “Entrego meu espírito”.
2. Como creu o centurião?
- O centurião, a mulher de Pilatos, o próprio Pilatos, Herodes, o ladrão da cruz reconheceram que não havia crime algum em Jesus.
- Aquele homem já havia visto mortes nobres de seus soldados na selvageria da batalha, de homens morrerem bravamente nas arenas suportando dores terríveis, mas nunca vira uma morte igual àquela, em que a vítima demonstrava generosidade surpreendente e perfeito domínio próprio.
- Seis meses antes, os soldados não prenderam a Jesus, como os líderes religiosos queriam. Relataram: “Ninguém jamais falou da maneira como esse homem falou” (Jo 7.46).
- Ele deve ter pensado: “Ninguém jamais morreu como esse homem morreu”.
- Viu o céu se escurecer de dia e o chão tremer sob seus pés.
- Por ter chamado Deus de Pai, por ter morrido com tanta dignidade, pelos fenômenos extraordinários da natureza e por demonstrar amor diante de tanto sofrimento o centurião declarou: “Verdadeiramente este homem era filho de Deus”.
- Não há no original o artigo “o” ou “um”, apenas “filho de Deus”.
- Não podemos dar a esta expressão “filho de Deus” a mesma força que teve nos lábios de Pedro (Mt 16.2) nem de Tomé (Jo 20.28).
- O centurião percebeu que estava diante de um grande mistério e que Jesus tinha qualidades divinas.
- Ele olhou para a cruz e ouviu: “Está consumado!” (Tetelestai), o grito de vitória. Achou que aquele homem era digno de receber o título de Filho do Deus a quem duas vezes chamou de Pai.
- Existem pessoas hoje que veem em Jesus menos que o centurião viu: um homem bom que morreu heroicamente enfrentando a injustiça com calma e grandeza, mesmo depois de tantos séculos de ensinos e luz sobre a vida e a morte de Jesus na cruz e seu significado. Ainda estão a admirar Jesus como um homem justo e de alta espiritualidade.
- Estão prontos a confessar Jesus como um excelente mestre, um exemplo moral, um mártir da paz e outros adjetivos humanistas, mas não como o Senhor e Salvador de suas vidas.
- Não vislumbram o Calvário com sentimento de culpa pelos seus pecados e seu distanciamento da vontade Deus.
- Quando uma consciência viva de nossos pecados se apodera de nós estamos próximos do que representou o sacrifício de Jesus.
- Quando descobrimos nossa natureza perversa e pecaminosa, a realidade de Cristo e de seu sacrifício se tornam real.
- Quando vemos que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2Cor 5.19), estamos perto do sentido da cruz (Gl 2.20).
“De todo o lado a multidão gritava ‘não’ a Jesus, mas o centurião ouviu de Jesus apenas ‘sim’ ao Pai, ‘sim’ ao próximo, ‘sim’ à sua missão” (Tom Houston).