
1. Escapando da Cruz
a) Com o Diabo
“Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt 4.8-10).
b) Com Pedro, a caminho de Jerusalém, onde ia ser preso e crucificado
“Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Nunca, Senhor! Isso nunca te acontecerá! Jesus virou-se e disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, e não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens” (Mt 16.22,23).
- Não devemos anunciar um evangelho fácil para as pessoas. Nós as enganaremos. Evangelho é, primordialmente, cruz. - Nossa carne quer escapar da cruz da disciplina e da santificação.
2. Perdendo a consciência da Cruz de glória
- “e lhe deram para beber vinho misturado com fel; mas, depois de prová-lo, recusou-se a beber” (Mt 27.34).- Vinho e fel = anestésico, alucinógeno e narcótico
- Único gesto de humanidade para diminuir a dor e fugir da realidade, sem consciência da mesma.
- Jesus não quis. Queria estar lúcido, consciente, assumir a missão com todas as suas faculdades mentais.
- Seis horas bastaram: das 9h às 15h.
- Muitos cristãos não querem um cristianismo de cruz, mas de bênçãos materiais e físicas.
- Muitos querem um cristianismo com emoção, arrepio e espetáculo, que os deixe fora de si, e não o que os conscientiza, sensibiliza e mobiliza.
- Buscam uma fé que os ajude a fugir da realidade e não a encará-la, inclusive diante de Deus.
- Uma igreja de eventos, shows, animação, fora da realidade.
3. Banalizando a Cruz de glória
- “Depois de o crucificarem, dividiram as roupas dele, tirando sortes. E, sentando-se, vigiavam-no ali” (Mt 27.35,36).
- Não tinham consciência da importância do evento.
- Para os soldados era um crucificado comum, uma rotina e um protocolo de sempre: sortearam as roupas como sempre.
- Entre dois ladrões e revolucionários, igual a eles.
- Não era alguém comum e o Pai mostrou que aquela não era uma crucificação qualquer.
“Depois de ter bradado novamente em alta voz, Jesus entregou o espírito. Naquele momento, o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. A terra tremeu, e as rochas se partiram. Os sepulcros se abriram, e os corpos de muitos santos que tinham morrido foram ressuscitados. E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. Quando o centurião e os que com ele vigiavam Jesus viram o terremoto e tudo o que havia acontecido, ficaram aterrorizados e exclamaram: Verdadeiramente este era o Filho de Deus!” (Mt 27.50-53).
4. Limitando a Cruz de glória
- Seu propósito e abrangência (alcance)
- “Por cima de sua cabeça colocaram por escrito a acusação feita contra ele: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS” (Mt 27.37).
“Pilatos mandou preparar uma placa e pregá-la na cruz, c om a seguinte inscrição: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. Muitos dos judeus leram a placa, pois o lugar em que Jesus foi crucificado ficava próximo da cidade, e a placa estava escrita em aramaico, latim e grego. Os chefes dos sacerdotes dos judeus protestaram junto a Pilatos: Não escrevas O Rei dos Judeus, mas sim que esse homem se dizia rei dos judeus. Pilatos respondeu: O que escrevi, escrevi” (Jo 19.19-22).
- Placa: INKI: em três línguas: ‘Jesus de Nazaré Reis dos judeus’.
- “Deus o exaltou e lhe deu o nome de Senhor” (Kúrios) (Fl 2.5-11).
- Não só Rei dos judeus, que creram nele, mas também de todos do mundo.
- “Reis dos reis e Senhor dos senhores”.
5. Descendo da Cruz de glória
“Os que passavam lançavam-lhe insultos, balançando a cabeça e dizendo: Você que destrói o templo e o reedifica em três dias, salve-se! Desça da cruz, se é Filho de Deus! Da mesma forma, os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos zombavam dele, dizendo: Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo! E é o rei de Israel! Desça agora da cruz, e creremos nele” (Mt 27.39-42).
- Porque ficou na cruz até o fim, cremos Nele.
- Três verdades ditas pelos incrédulos
a) ‘Salvou os outros’ (42)
b) ‘Confiou em Deus’ (43)
c) ‘Afirmou que Deus o ama’. (43)
- Ali estava em jogo o trono do universo.
- O trono do mundo é a cruz.
- Podia se livrar:
- “Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos? Como então se cumpririam as Escrituras que dizem que as coisas deveriam acontecer desta forma?” (Mt 26.53,54).
- Satanás, o mundo e a carne gritarão contra toda consagração da Cruz.
- Para salvar nosso Eu/Ego, nada de autodefesa ou de autocompaixão.
- “Jesus dizia a todos: Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23).
Conclusão
- Não tente escapar da cruz de glória
- Não perca a consciência da cruz de glória
- Não banalize a cruz de glória
- Não limite a cruz de glória
- Não desça da cruz de glória
- Paulo: “Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6.14).