
SAULO, SAULO
Seguindo ele estrada afora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor; e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: — Saulo, Saulo, por que me persegues?
Atos 9.3-4
Chegamos hoje ao último vocativo duplo da Bíblia e, de forma climática, nos deparamos com Saulo, Saulo. Aqui não se trata de uma advertência ou de um chamado íntimo, mas de um confronto entre o perseguido e o perseguidor. Jesus se coloca à frente de Sua noiva, a Igreja, e considera a Si mesmo como alvo da perseguição. A visão do Cristo glorificado tem um alcance tríplice: encerra a perseguição contra Sua Igreja, marca o chamado de Saulo para o apostolado, e representa um golpe decisivo contra o sistema religioso do judaísmo. Saulo e Paulo são o mesmo homem, e os dois nomes refletem sua identidade dupla: judeu por nascimento, cidadão romano por formação. A mudança no uso do nome não indica uma transformação espiritual, mas sim um ajuste missional. Basta lembrar que ele escreveu treze epístolas do Novo Testamento, sendo tido como sucessor de Judas — não por eleição dos homens, mas por escolha direta de Jesus — e reconhecido como o principal sistematizador da doutrina cristã revelada nas Escrituras. Karl Barth afirmou: “A conversão de Paulo é a vitória da revelação sobre a religião. Paulo foi vencido não por argumentos, mas pela presença viva de Cristo.” Você tem rejeitado o querer de Deus? Está lutando contra Jesus? Talvez você não esteja procurando por Ele, mas Jesus está à sua procura. Concluo com as palavras de Santo Agostinho: “A Igreja orava por seu inimigo, e Deus atendeu convertendo-o. Ele buscava destruir a fé e foi vencido pela graça.” Amém, Senhor.
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ELP
