
NOVO VIVENDO COMO VELHO
“O Espírito do Senhor se apossará de você, e você profetizará com eles e será transformado em outro homem.”
1 Samuel 10.6
É possível ser transformado por Deus e, ainda assim, viver como se essa transformação nunca tivesse acontecido, negando, na prática, a eficácia da operação divina? Sim, é possível. No sinergismo espiritual, em que somos cooperadores com Deus, cabe a cada um fazer sua parte. Deus pode libertar o ser humano da natureza do velho homem, mas é responsabilidade do próprio crente, com a ajuda do Espírito Santo, manter-se na liberdade recebida. O dilema de Saul não está no fato de que Deus não tenha agido em sua vida como ele esperava, mas no fato de que Deus o transformou em outro homem — alguém que ele não queria ser ou, talvez, não estava preparado para se tornar. A transformação em sua vida passou a ser a base de uma luta interior constante entre o velho e o novo homem, um conflito silencioso, porém real, que definiria quem, no final, teria a última palavra sobre sua existência. Para algumas pessoas, parece até melhor que Deus não as transforme. Acham mais confortável manter-se como estão, pois acreditam que isso lhes trará menos conflitos internos e menos exigências espirituais. Entretanto, carregar em si a marca da transformação — a presença do Espírito, os sinais da graça — exige disciplina, obediência, espírito de consagração, renúncia de si mesmo e plena consciência de que já não pertencemos a nós mesmos, mas ao Senhor, em todas as circunstâncias da vida. A transformação, por maior que seja, não opera como um piloto automático. Não é uma bênção irrevogável que dispensa vigilância ou perseverança. Ao contrário, é preciso regar essa nova vida todos os dias, cultivá-la com cuidado, e guardar o coração para que o inimigo não encontre lugar. A reversão espiritual — quando alguém volta atrás depois de ter sido tocado por Deus — é uma anomalia, uma rejeição à dádiva que lhe foi concedida. Davi suportou anos de perseguição até finalmente assumir o trono; Saul, por outro lado, foi feito rei e profetizou no mesmo dia em que procurava as jumentas de seu pai. E a lição é clara: quando a bênção chega fácil, corre-se o risco de desprezar o seu valor.
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ELP
