Não há dúvida de que é grande o mistério da piedade: Deus foi manifestado em corpo, justificado no Espírito, visto pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo, recebido na glória.

1 Timóteo 3.16

A melhor pergunta hermenêutica para o texto acima é: de quem fala o texto? De Moisés? Não. De Elias? Também não. De Maomé? Certamente não. Há apenas um que corresponde plenamente a cada elemento descrito: Jesus Cristo. Essa síntese cristológica paulina, verdadeiro retrato do Senhor, pode ser chamada de um mini credo, pois percorre toda a trajetória — da Encarnação à Ascensão. Assim, Paulo traça de forma concisa a rota da deidade, revelando como Jesus era compreendido pela Igreja do primeiro século. John Stott declara que “o mistério da piedade é o segredo da verdadeira devoção cristã: a revelação de Deus em Cristo. A piedade cristã não nasce de regras, mas de maravilhamento — do espanto diante do fato de que o Deus eterno se fez homem.” É claro que Ele é infinitamente mais do que conseguimos expressar em palavras — nosso vocabulário humano é limitado demais. Contudo, a janela da revelação foi aberta para que compreendamos o que a Igreja primitiva cria sobre Cristo e Sua divindade. Charles Spurgeon acrescenta que “o mistério da piedade é grande porque o próprio Deus entra na arena da história. O infinito se faz finito, o imortal se faz mortal — e tudo isso para que o ímpio se torne justo.” A palavra piedade (eusébeia) não descreve um comportamento religioso, mas uma resposta à revelação divina — o coração reverente de quem contempla o Cristo encarnado. Há ainda quem destaque que “mystērion” (μυστήριον) significa revelação progressiva de Deus, e não segredo. Assim, a verdadeira piedade é viver à luz dessa revelação. Concluo dizendo que, no checklist da eternidade, permaneceremos entre 1 Timóteo 3:16 e 1 João 3:2 — “seremos semelhantes a Ele, porque o veremos como Ele é.” E ainda assim, estaremos certos de que Sua majestade será muito maior do que as palavras possam descrever. Amém.

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ELP